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Miscigenação

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Em seu livro Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari faz uma síntese brilhante do surgimento e evolução do homem neste planeta. Nestes cinco milhões de anos que a arqueologia identifica a presença de humanoides, o surgimento do "homo Sapiens" data de 200 mil anos. Muito recente portanto, já que o "homo erectus" habitou a terra por 1,5 milhão de anos. Yuval estima que há 100 mil anos o mundo era habitado por, no mínimo, seis espécies humanas. As mais conhecidas são a Neandertal, a Erectus, a Denisova, a Ergaster, a Soloensis, a Floresiensis, a Rudolfensis e muitas outras que ainda estão para serem encontradas e estudadas.

O desaparecimento dessas outras espécies e a permanência de uma única é uma incógnita que tem dado origem a várias elucubrações dos arqueólogos e historiadores. Depois de 130 mil anos confinado no leste africano, o Sapiens começou a sair de seu habitat para alcançar a Península Arábica, Oriente médio e Ásia. Há 50 mil anos chegou à Europa e bem depois ao continente americano.

Onde chegava, o Sapiens ia predominando e fazendo desaparecer os demais. Se fizermos uma retrospectiva do comportamento humano nos 10 mil anos da história recente, poderemos intuir que a miscigenação deve ter sido um fator dos mais importantes, mas a luta pelo domínio territorial também influiu, aliadas a outros fatores.

A miscigenação do Sapiens com o Neandertal deu origem aos povos europeus. A do Sapiens com o Erectus deu origem aos asiáticos do norte. No nosso genoma existem traços dos genomas de todas essas espécies.

O antropólogo Darcy Ribeiro estimou que na formação do povo brasileiro, até 1865, haviam contribuído 5 milhões de indígenas, 5 milhões de negros africanos e 500 mil brancos. A miscigenação do português com as indígenas foi um fato constante e permanece até hoje. As negras africanas sempre foram o objeto do desejo dos senhores de escravos. Ainda hoje essas preferências subsistem. Nesse particular, o Brasil é o país onde o caldeamento de raças mais se produz na atualidade. Somos a modernidade!

A história nos ensina que os grandes conquistadores de impérios, no passado, usaram e abusaram do genocídio dos povos conquistados. Matavam impiedosamente os homens e abusavam das mulheres ao máximo permitido. Isso produzia, a curto prazo, o surgimento de novas gerações com caldeamento genético e cultural.

Até há bem pouco tempo, o isolamento do homem em núcleos territoriais deu origem às várias línguas e dialetos, bem como à maioria das nações. Somente há 500 anos, com o advento das grandes navegações, os homens começaram a descobrir as diferentes culturas e a miscigenação se tornou o fator preponderante sobre o genocídio.

A mortandade causada pelas guerras e atentados terroristas ainda infelicita a sociedade humana, porém as viagens, o turismo e a imigração estão cada vez mais se intensificando e misturando as populações dos lugares mais distantes do globo. Isso estará produzindo um caldeamento de raças a uma velocidade nunca antes vivenciada pelo homem.

Podemos imaginar que nos próximos dois a três mil anos o mundo será habitado por um novo tipo humano, uniformemente moreno, dócil, educado e com tendência insopitável à paz e concórdia. Talvez tenhamos, também, uma língua universal!


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